Do OLPC ao UCA (ou da Aprendizagem ao Ensino)

I. Preâmbulo de 2019

Este artigo foi escrito originalmente em junho de 2011, como parte das atividades acadêmicas do meu curso de Mestrado. Na ocasião havia sido solicitado que eu escrevesse um artigo sobre o projeto Um Computador por Aluno (UCA), no qual eu, inclusive, havia trabalhado como membro da equipe de formação. Embora não tenha sido explicitado, logo ficou claro que a expectativa era a de que eu destacasse os aspectos positivos do projeto, quando muito, fazendo algumas críticas pontuais. Mas, infelizmente, não foi o que eu fiz.

O artigo foi muito malvisto em um contexto em que o UCA ainda estava em andamento, e em que a instituição onde eu fazia o Mestrado era parte da equipe nacional responsável pela formação dos professores e avaliação do projeto. Mas o artigo foi malvisto porque, diferentemente do que se esperava, nele eu teci duras críticas ao projeto como um todo, pelas suas premissas, denunciando alguns aspectos que considero nevrálgicos para o êxito de iniciativas na área da educação, não apenas relativas ao uso de tecnologias, mas de qualquer iniciativa que busque promover aprendizagem dos estudantes.

O artigo, inclusive, quase me custou a obtenção de meu título de Mestre. Quando o prazo para defender a dissertação estava no fim, eu descobri que o referido texto não tinha produzido nenhuma nota no sistema. Ele não tinha sido apenas mal avaliado, mas havia sido rejeitado, com solicitações de alterações que deveriam ser realizadas sob pena de ficar sem nota.

Nota… Sempre ela. O principal mecanismo de coerção que professores usam contra seus alunos quando querem induzi-los a agir ou pensar como eles consideram certo. Enfim, fiz as alterações a que fui obrigada, obtive a nota necessária, e hoje estou publicando o artigo original, onde expresso exatamente o que eu pensava a respeito do projeto, e que continuo pensando até hoje. Assim o leitor também terá a oportunidade de julgar, segundo seus próprios critérios, os argumentos aqui defendidos. Estou pronta para o debate de ideias.

O UCA, que teve início como projeto piloto em 2007, e foi expandido para 300 escolas em todo o Brasil a partir de 2010, foi descontinuado, segundo consta, aproximadamente entre 2012 e 2013, embora nunca tenha sido feito um pronunciamento oficial sobre o fim do projeto. Muitas escolas ainda possuem o que restou dos laptops, mas a maior parte dos equipamentos, provavelmente, já está totalmente sucateada. Afinal, nem mesmo tecnologia de ponta costuma ter uma vida útil tão longa, quanto mais os computadores que foram efetivamente entregues às escolas.

Talvez a reflexão proposta neste artigo possa ter um valor diferente hoje, uma vez que não trata mais de uma profecia, mas de um fato consumado. Talvez seja útil para ações futuras na área de educação. Esse é o meu intuito ao disponibilizar este artigo agora.

II. Introdução

A proposta de criar um programa de escopo global que viabilizasse a colocação de um computador nas mãos de cada criança dos países em desenvolvimento foi, no momento em que foi concebida e apresentada ao mundo, uma ideia ao mesmo tempo de louco e de gênio.

De louco porque, nos idos de 2005, sugerir que todas as crianças de um país como o nosso poderiam vir a tornar-se donas de um laptop só podia parecer desvario de um louco. Para que isso acontecesse, os laptops teriam de custar perto de 100 dólares cada, nos cálculos de Nicholas Negroponte, o pai da ideia. Mas, no mercado, eles ainda custavam por volta de dois mil dólares cada – vinte vezes mais do que o preço considerado viável. Onde é que se acharia tanto dinheiro assim para custear a loucura sonhada por Negroponte?

Mas a proposta acabou sendo uma tacada de gênio… Os fabricantes de laptops se apavoraram diante da ideia de que Negroponte pudesse encontrar um fabricante em Taiwan que viabilizasse seu projeto – e colocasse em perigo as gordas margens de lucro de seus produtos supervalorizados. Assim, resolveram eles mesmos ir reduzindo essas margens. Perderiam os anéis, mas conservariam os dedos. E esse processo de redução de custos e de preço continua até hoje. Os netbooks de hoje, que custam menos de quinhentos dólares, e que, no Brasil, se vendem em até vinte prestações de 25 dólares, sem juros, acabaram se tornando os herdeiros do projeto de Negroponte.

Mas o mérito de Negroponte não se limita a ter cutucado os fabricantes e oportunamente os levado a reduzir drasticamente o custo de seus produtos e as margens de lucro praticadas, assim arrastando o preço para baixo. A ideia de One Laptop Per Child tem méritos próprios que vão além dessa sacudida no mercado.

O presente artigo pretende discutir as expectativas iniciais e o impacto do Programa OLPC, global, e do programa UCA, brasileiro, seis anos depois das primeiras articulações.

Quais elementos do OLPC atraíram a atenção do governo brasileiro em Janeiro de 2005, em Davos, durante o Fórum Econômico Mundial, quando ele teve conhecimento do projeto que pretendia oferecer aos países em desenvolvimento a possibilidade de distribuir um computador para cada criança do seu país? Qual foi a proposta apresentada por Nicholas Negroponte, Seymour Papert e Mary Lou Jepsen, em Junho do mesmo ano, que encantou o governo brasileiro?

E em que se tornou o OLPC aqui no Brasil, quando se transformou em UCA? Quais os principais desafios observados? Quais as razões por detrás das mudanças sutis efetuadas? E quais as perspectivas de a proposta original de o sonho de Negroponte se concretizar?

III. O OLPC (One Laptop Per Child) [1]

“Dentro da ideia de alta qualidade na Educação, nossa missão não é apenas prover laptops, mas criar uma cultura de aprendizagem, engajando as crianças na sua educação e desenvolvendo a paixão pelo aprender.”

Silvia Kist [2]

Para iniciar essa discussão, é interessante resgatar alguns princípios que norteiam o projeto concebido por Nicholas Negroponte, no MIT (Massachusetts Institute of Technology), cuja melhor tradução seria Um Laptop Por Criança (não por Aluno).

O projeto original se define, antes de tudo, como um projeto social, sem fins lucrativos, que tem uma missão social em vez de um mercado.

A missão do OLPC apresenta alguns princípios básicos:

  1. As crianças devem se tornar proprietárias dos laptops. Isto quer dizer que elas devem ser livres para levá-los para casa depois do uso na escola, para usá-los onde e no que desejarem em suas comunidades.
  2. O foco do projeto está na educação inicial, ou seja, foi concebido para crianças na faixa etária de 6 a 12 anos – que é a faixa mais delicada, onde se ganham e se perdem as batalhas da educação. Por isso os laptops precisam ser resistentes, para aguentar o manuseio nem sempre delicado das crianças dessa faixa etária.
  3. Nenhuma criança deve ser excluída do processo. Para isso, não só as escolas devem dispor de computadores, mas cada aluno, de cada sala de aula, deve receber o seu próprio computador. Ou seja: o laptop não é apenas chamariz para trazer a criança para a escola, ele é potente ferramenta de aprendizagem.
  4. Os laptops devem ter conexão com a Internet, porque a Internet oferece possibilidades interessantes de aprendizagem. Sendo móveis, os laptops permitem que seus proprietários aprendam a qualquer momento, em qualquer lugar, mesmo fora da sala de aula e da escola.
  5. O laptop concebido para o projeto, batizado de XO, deve ter software aberto e livre, para poder ser melhorado e adaptado às necessidades das crianças, da mesma forma que o hardware também é aberto.

A primeira pergunta que é feita quando se questiona o projeto OLPC é “Por que dar um laptop para uma criança que pode não ter nem eletricidade, nem água corrente, talvez em muitos casos nem mesmo comida suficiente em casa? Não deveríamos primeiro atender a essas necessidades mais básicas?”.

A resposta dos criadores do OLPC é interessante.

Se a palavra laptop for substituída por educação, então tudo fica claro: “Por que dar educação para uma criança que pode não ter nem eletricidade, nem água corrente, nem mesmo comida o tempo todo?”. Ninguém retém ou segura a educação até que todas as outras necessidades da criança estejam supridas. Isso porque a educação pode ser o fundamento para a solução, a médio e longo prazo, de todos os outros problemas!

Por isso, o XO foi projetado para ser utilizado em lugares que necessitam dele mais do que em outros. Por isso o OLPC foi criado como projeto para países em desenvolvimento.

O XO foi projetado para ser resistente, pois foi feito para crianças pequenas.

O XO foi concebido como um equipamento de baixo custo, para que possa ser produzido em larga escala.

O XO foi elaborado para consumir pouca energia, para poder ser usado em locais onde não haja energia elétrica, onde as fontes de energia possíveis são alternativas, como energia solar, por exemplo.

A tela do XO foi desenhada ser usada ao ar livre, com incidência de luz solar, pois há locais em que as crianças têm aula ao ar livre. A webcam do XO foi concebida para que os alunos possam tirar fotos e fazer filmes. Além disso, uma enorme quantidade de softwares gratuitos já vêm instalados, todos focados na educação, para serem usados pelas crianças.

Por fim, o XO foi concebido para permitir não apenas a conexão à Internet, mas para permitir que cada laptop seja um ponto de acesso à Internet. Assim, mesmo em casa, as crianças podem ser pontos múltiplos de acesso, ampliando a área de abrangência do acesso à Internet. Tudo isso para que as crianças possam usar a Internet para aprender, explorar, compartilhar, criar juntas, umas com as outras e com as comunidades em que vivem.

Quando usado na sala de aula, o XO torna as crianças mais engajadas, inspiradas, envolvidas. Elas aprendem, com ele, a tirar fotos, fazer desenhos, ouvir músicas, fazer vídeos, escrever histórias, e imaginam como fazer outras coisas, e começam a ensinar uns aos outros, e, ao chegar em casa, até mesmo aos seus pais e aos demais membros de suas comunidades.

Quase no final do vídeo de apresentação do XO, o narrador do vídeo resume a proposta dizendo, “dê um laptop e mude o mundo!”, e por fim declara que, com o XO as crianças aprendem a solucionar seus próprios desafios, e quem sabe, um dia eles poderão nos ajudar a solucionar os nossos.

Por que vale a pena destacar essas características da concepção original?

Porque, em primeiro lugar, no OLPC o sujeito do projeto é a criança (child) e não o aluno, como na versão brasileira, chamada de UCA – Um Computador por Aluno. Essa sutil diferença, naturalmente, não é fruto de um mero descuido de tradução, ou de tentativa de criar uma sigla pronunciável.

No OLPC, a ênfase na criança, em vez do aluno, fica evidente em outros aspectos, como por exemplo, nos princípios básicos, que enfatizam que a criança deve ter liberdade para levar e usar o laptop onde desejar, e não apenas na escola, que é o local onde a criança desempenha o papel de aluno.

Outro aspecto que evidencia essa diferença, é que no OLPC, cada laptop foi projetado para ser um ponto independente de acesso à Internet, de modo que, de alguma forma, mesmo fora da escola, os alunos possam ter acesso à rede. Mais uma vez fica evidente que a proposta do OLPC é proporcionar autonomia para que o aluno possa usar os laptops para aprender não apenas dentro, mas também fora da escola. E não apenas para ele aprender, mas para proporcionar essa experiência a toda a sua família e à sua comunidade.

Em recente entrevista via Twitcam organizada pela Profa. Elizabeth Almeida, na PUC-SP, dois comentários do prof. Juliano, registrados no Twitter, também corroboram essa tese:

O foco do trabalho c/ laptops visa à sociedade, e não apenas à escola, diz Juliano (@webcurriculo live on http://twitcam.com/4kurs)

Investe-se nas cças, para a escola ser levada junto, e não na escola, para levar as cças. (@webcurriculo live on http://twitcam.com/4kurs)

Essa é a concepção que permeia o projeto, e que aparece em depoimentos como o de Silvia Kist, membro do time do OLPC, em seu Blog sobre a experiência de formação de professores em Ruanda: “… começamos a introduzir a ideia de aprendizagem com o laptop e não ensino de informática na escola”.

A ênfase na experiência de aprendizagem em lugar do ensino escolar fica evidente nessa análise um pouco mais profunda do OLPC. E essa ênfase não existe apenas no projeto em si. Na concepção de Seymour Papert, um dos mentores do projeto, que esteve no Brasil conversando com o governo brasileiro em 2005, aprendizagem também não é privilégio exclusivo da escola [3]. A própria UNESCO, ao propor que aprendizagem é algo que deve ser vivido ao longo de toda a vida [4], também sugere que não se trata, no caso da aprendizagem, de uma prerrogativa da escola.

Urge, portanto, fazer a distinção entre Educação e Escola, Aprendizagem e Ensino, para assim compreender qual pode ser o papel dos laptops na transformação da vida das crianças.

  • Educação é o processo por meio do qual os seres humanos desenvolvem suas potencialidades ao longo de toda a vida.
  • Escola é a instituição que foi concebida para ser um espaço privilegiado de educação durante um período específico da vida.
  • Ensino é uma ação intencional, planejada, controlada, daquele que pretende proporcionar uma experiência de aprendizagem ao outro.
  • Aprendizagem é o grande resultado almejado pela educação, é o ato de construir conhecimentos, desenvolver habilidades, definir valores, adotar atitudes e dominar competências que mobilizem os conhecimentos, habilidades, valores e atitudes (Perrenoud, 1999) em uma situação prática da vida real, seja na tomada de uma decisão, na realização de uma tarefa, na resolução de um problema, na resposta a uma pergunta complexa, etc.

Em suma, o OLPC é um projeto essencialmente voltado à Educação, que tem foco na Aprendizagem, não apenas dentro da Escola, mas também fora dela, e não apenas por meio do Ensino, mas também pela interação, colaboração horizontal, entre pares, entre as crianças e a comunidade como um todo.

IV. O UCA (Um Computador por Aluno)

Como e por que o OLPC no Brasil se transformou em UCA?

Talvez a resposta possa ser encontrada numa frase curiosa, mas profundamente verdadeira, que Ana Teresa Ralston, Diretora de Tecnologia Educacional e Formação de Professores da Abril Educação, disse no lançamento das Redes Sociais da Editora Ática e Scipione: “Tudo o que entra na escola a escola mastiga e transforma em escola”.

A transformação do OLPC em UCA é parte desse processo.

Um projeto revolucionário, que coloca um laptop nas mãos de cada criança, que permite que a criança fique com ele, o leve para casa, e o use da forma que desejar, para aprender, para se divertir, para ajudar a família e os amigos, e que se torna um ponto de acesso à Internet para a comunidade em que o aluno mora, e, assim, não só uma poderosa ferramenta de aprendizagem individual, mas uma potente ferramenta de educação social e emancipação comunitária, esse projeto revolucionário se tornou, no Brasil, um projeto de utilização da tecnologia na sala de aula da escola, pelo aluno, sob a tutela do professor…

Por isso, os programas que se constroem ao redor do projeto UCA aqui no Brasil são focados na formação de professores, em vez de no desenvolvimento dos alunos.

Se a escola não é o único espaço possível de aprendizagem, e se a formação de professores encontra tantos obstáculos, sendo o principal deles o simples fato de os professores, em sua grande maioria, não serem nativos digitais, por que investir tanto em formação de professores?

Não que investir em formação de professores não seja importante, e nem que o conteúdo que está sendo oferecido aos professores nessa formação não seja de boa qualidade. Pelo contrário! Os módulos de formação do UCA são, do ponto de vista de concepção, de altíssimo nível! Eles foram elaborados por uma equipe de educadores coordenada por Pedro Ferreira de Andrade, da recém-extinta SEED/MEC. A equipe de Formação e Acompanhamento, composta por Beatriz Corso Magdalena – UFRGS, Iris Elisabeth Tempel Costa – UFRGS, Maria Elisabette Brisola Brito Prado – UNICAMP, Maria Elizabeth Bianconcini de Almeida – PUC/SP, Maria Helena Cautiero Jardim – UFRJ, Mauro Cavalcante Pequeno – UFC e pelo próprio Pedro Ferreira de Andrade – SEED/MEC, tem feito um excelente trabalho.

E o melhor é que o aspecto mais rico dessa formação não diz respeito ao uso da tecnologia em si, mas sim às questões filosóficas que fundamentam a ação pedagógica.

O foco em uma pedagogia de perguntas, em vez de respostas, a valorização do protagonismo do aluno e diversos outros aspectos, são de valor imensurável, e certamente trazem grande contribuição para a escola. No entanto, até que esse investimento em formação consiga transpor todas as barreiras impostas pela própria cultura existente no sistema de ensino, os alunos, ou melhor, as crianças, correm o risco sério de não ser atingidas por tamanha revolução. As barreiras envolvem, dentre outras coisas, as frágeis condições de trabalho dos professores e mesmo dos gestores, e a falta de tempo desses profissionais para se dedicar à própria formação.

Impedidos de levar para casa, e muitas vezes até de usar dentro da escola, seja por decisão dos professores, que esperam sentir-se mais seguros com o uso da tecnologia antes de proporcionar aos seus alunos o acesso a elas, ou pelas dificuldades de solucionar os problemas técnicos existentes – que são muitos, e de todos os tipos – os alunos não conseguem viver aquilo que Negroponte idealizou. Sequer o laptop utilizado no projeto atualmente é o que foi projetado originalmente.

Ao terminar a aula, os alunos são de novo crianças sem acesso digital. Ao sair da escola e ir para suas casas e para suas comunidades, as crianças atravessam de novo o fosso digital e vão para um mundo diferente, que não sofrerá o impacto que poderia receber se o projeto não tivesse mudado de OLPC para UCA.

V. E agora?

Enfim, temos o UCA, e em breve, esperamos, ele será expandido por todo o Brasil. Cabe perguntar: e agora?

Se, há poucos anos era realmente difícil imaginar um cenário em que a totalidade dos alunos de uma escola pública brasileira pudesse portar seu próprio laptop, hoje perguntamos que diferença esse projeto está fazendo na vida desses alunos?

Antes a dificuldade era latente não apenas pelas dimensões continentais do Brasil, mas também porque, apesar de o país ostentar a oitava ou mesmo a sétima posição no ranking da economia mundial, o custo dos computadores, mesmo os mais simples, ainda estava muito distante da realidade. Hoje, poucos anos depois, esse cenário já é bastante diferente nas trezentas escolas participantes do Programa UCA espalhadas por todo o país, mas que impacto isso tem causado na aprendizagem dessas crianças?

A iniciativa do Governo Federal, em tese, tem viabilizado não apenas que cada aluno das escolas participantes receba seu laptop, mas também que cada escola receba a infraestrutura de rede sem fio necessária para distribuir acesso à Internet dentro de suas dependências. Entretanto, lembro-me, com preocupação, da frase de um educador australiano, Bruce Dixon [5], em que ele disse: “A pior tragédia que pode ocorrer na área da educação é digitalizar todo o conteúdo que hoje é usado na educação, melhorar a infraestrutura tecnológica da escola para que ela possa estar disponível para os alunos 24 horas por dia, sete dias por semana, 52 semanas por ano, prover cada aluno com seu computador pessoal, para que possa aprender a qualquer hora e a partir de qualquer lugar, e, no entanto, constatar que nada mudou, substancialmente, na educação.”

Além de a escola permanecer como está, os alunos, em suas casas, em suas comunidades, também permanecem como estão. E assim permanecerão, enquanto a escola continuar achando que deve monopolizar o acesso dos seus alunos às tecnologias digitais.

VI. Referências

5ª Conferência Internacional sobre Educação de Adultos (CONFINTEA), Hamburgo, Alemanha, 1997. Declaração Final e Agenda para o Futuro. Trad. Instituto Nacional de Administração de Portugal. Lisboa, Portugal: Ministério da Educação de Portugal, 1998.

PERRENOUD, P. Construir as Competências desde a Escola. Trad. Bruno Charles Magne. Porto Alegre: Artmed Editora, 1999.

SEYMOUR, P. em entrevista publicada no site da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. (http://www.dimap.ufrn.br/~jair/piu/artigos/seymour.html) Acesso: 14/06/2011.

UCA Projeto Um Computador Por Aluno. Formação Brasil: Projeto, Planejamento das Ações, Cursos. SEED, Ministério da Educação.

YANG, J; VALDÉS-COTERA, R. Conceptual Evolution and Policy Developments in Lifelong Learning. Hamburg, Germany: Unesco Institute for Lifelong Learning, 2011.

VII. Notas

[1] Toda a descrição do projeto OLPC apresentada neste texto, bem como do laptop projetado por Nicholas Negroponte, como parte essencial do projeto, foi baseada na tradução livre do site oficial do projeto. Vide texto e vídeos originais em <http://one.laptop.org/about/mission>. Acessado em 12/06/2011.

[2] Silvia Kist faz parte do time de aprendizagem da ONG One Laptop Per Child (OLPC), tendo trabalhado na implantação do projeto 1:1 em Ruanda. No Brasil, antes ingressar à OLPC, participou do grupo de pesquisas do LEC-UFRGS no projeto “Um Computador por Aluno”, sob orientação da professora Léa Fagundes.

[3] Vide entrevista publicada no site da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Disponível em: <http://www.dimap.ufrn.br/~jair/piu/artigos/seymour.html>. Acessado em 14/06/2011.

[4] Vide “Evolução Conceitual e Desenvolvimento de Políticas de Educação ao Longo da Vida”, da UNESCO, e “Declaração Final e Agenda para o Futuro” da 5ª Conferência Internacional sobre Educação de Adultos (CONFINTEA), Hamburgo, Alemanha, 1997.

[5] Vide contexto da citação no artigo “Tecnologia, Inovação, e Transformação: A Arte de Quebrar Paradigmas”, de autoria de Eduardo Chaves, disponível em seu Blog Liberal Space. Disponível em: https://liberal.space/2011/06/07/tecnologia-inovacao-e-transformacao-a-arte-de-quebrar-paradigmas/. Acessado em 17/01/2019.

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