Minha Pesquisa de Mestrado

Resolvi retomar o meu Blog compartilhando um pouco do que tem sido minha experiência no Mestrado em Educação: Currículo da PUC-SP, no qual estou envolvida desde o segundo semestre do ano passado.

A seguir vou transcrever (com pequenas adaptações) uma reflexão que fiz recentemente acerca da relação entre uma das disciplinas que estou cursando este semestre, e a minha pesquisa, que tem como tema central a Avaliação de Competências.

Muitas escolas que atualmente ainda se enquadram no perfil de uma escola tradicional, seguidora de um currículo concebido com uma intencionalidade objetiva para uma sociedade que não existe mais, têm buscado formas de inovação, visando a superar o seu fracasso, não apenas perante sistemas de avaliações externas, mas perante seus próprios alunos, que estão cada vez mais desinteressados e distantes dessa escola.

Embora na maioria absoluta das vezes essa tentativa de inovação permaneça presa a antigos paradigmas, é inegável o esforço de um sem número de escolas que não admitem mais um discurso tradicional. No entanto, aparentemente essas escolas não conseguem desenvolver uma prática diferente.

Muitas dessas escolas estão buscando inovação por meio de uma revisão de seus currículos. Por vezes se observa um forte discurso voltado ao desenvolvimento de competências e habilidades. Essa tendência é observada no Brasil, tanto em redes públicas quanto privadas, e também em diversos países, inclusive aqueles considerados bem sucedidos nos exames internacionais de avaliação.

Esse tema não surgiu espontaneamente agora. Ela é fruto de reflexões que podem ser observadas concretamente, no Brasil, em documentos oficiais, como os antigos Parâmetros Curriculares Nacionais, lançados em 1997, e em documentos da Unesco, como o “Educação: Um Tesouro a Descobrir”, organizado por Jacques Delors em 1996.

Philippe Perrenoud também se tornou referência em discussões sobre esse tema, e popularizou aqui o uso desse termo na educação por meio de obras como “Construir as Competências desde a Escola”, “10 Novas Competências para Ensinar” e “As Competências Para Ensinar no Século XXI: a formação dos professores e o desafio da avaliação”.

Essa busca pela inovação curricular por meio da mudança de foco, dos conteúdos para as competências e habilidades , costuma esbarrar em alguns desafios. A própria falta de clareza quanto ao conceito de competência, que não é e nem pretende ser objetivo, é uma dessas barreiras.

Mas a maior barreira vem da dificuldade de se subverter todo um sistema educacional construído com base em um determinado currículo. Isso ocorre, pois são diversos os mecanismos de amarração desse sistema para atender às intenções específicas do currículo sobre o qual ele foi concebido.

Essas amarrações dizem respeito desde à organização das classes seriadas, ao tempo de duração da aula, ao período letivo, à organização das salas de aula e os recursos que se disponibiliza dentro dela, até ao sistema de avaliação concebido para aferir a aprendizagem dos alunos.

Neste último ponto reside o cerne da minha pesquisa. A metodologia e os instrumentos utilizados pelas escolas não são compatíveis com o novo currículo proposto. Testes e provas no formato convencional não são adequados para avaliar o desenvolvimento de competências e habilidades.

Pretendo investigar, portanto, que ajustes ou mudanças as escolas precisarão realizar para conseguir alinhar propostas de inovação curriculares com foco em competências e habilidades às avaliações, que devem servir não apenas para reorientar o próprio processo de aprendizagem do alunos e as práticas pedagógicas dos professores, mas também devem dar respostas à sociedade que quer e precisa saber se a educação formal tem cumprido o seu papel.

Analisando a ementa de uma das disciplinas que estou cursando neste momento, “Teorias e Práticas de Integração de Mídias e Currículo”, ministrada pelo prof. Fernando José de Almeida (meu orientador) e pela profa. Maria da Graça Moreira Silva, observo que ela vem totalmente ao encontro do meu projeto de pesquisa, pois discute justamente a origem dessa mudança social que trouxe à existência esses novos alunos que estão nas velhas escolas. Essa mudança, conforme vem sendo discutido durante o curso, é fruto, em boa parte, da revolução tecnológica que mudou as formas de relação da sociedade, e desta com o mundo e tudo o que é produzido nele.

Acredito que a própria revolução tecnológica, que provocou toda essa mudança, pode ser a chave para a reorganização desses processos na escola. Não a tecnologia sozinha, mas o uso da tecnologia a partir de reflexões sobre as teorias de aprendizagem podem levar à construção de uma nova prática pedagógica, coerente com as necessidades sociais atuais, e também as futuras, que cada vez mais se tornam imprevisíveis.

Em São Paulo, 12 de Abril de 2011.

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