Para começar a aquecer esse blog, vou publicar a última coisa que publiquei em meu antigo blog “Professora Paloma”.
Trata-se de uma pequena homenagem que fiz à minha filha mais velha, Bianca, em seu aniversário do ano passado, no dia 04 de novembro.
Segue a transcrição abaixo.
Em São Paulo, 18 de Março de 2009.
o-O-o
O Nascimento
Há exatos doze anos minha vida estava prestes a se transformar definitivamente.
No dia anterior eu havia recebido em casa alguns amigos e parentes para um evento muito especial: O “Chá da Bianca”.
Minha gestação havia atingido o oitavo mês havia uma semana.
Minha barriga estava grande e pesada, mas muito bonita. Não tão bonita quanto a pessoinha que dentro dela estava… Minha primogênita Bianca.
Aguardávamos ansiosamente por sua chegada. Um presente de Deus, a despeito das previsões pessimistas de minha médica, que, em função de uma dupla incidência de trombose ocorrida sete meses antes da gravidez, achava que aquela gestação poderia complicar minha saúde.
Lá estava eu, naquela manhã do dia 03 de novembro de 1996. Amanheci sentindo algumas dores… Tão leves, tão delicadas, como a Bianca.
Aparentava uma leve cólica, porém, como eu poderia sentir cólica, se estava grávida?
Minha inexperiência não me permitiu perceber que aquele era o início do trabalho de parto…
Após algumas horas sentindo aquelas leves dorzinhas, notei que o intervalo entre uma dor e outra diminuía a cada novo evento, então percebi que o nome daquela cólica, na verdade, era contração. Meus Deus! Estava chegando a hora!!!
Corremos para o hospital e ao ser examinada: – A Sra. está em trabalho de parto! Afirmou a auxiliar de enfermagem…
Senti muito medo. O que me aconteceria nas próximas horas?
Minha médica estava retornando de uma viagem e por telefone discutiu com a enfermeira a possibilidade de segurarmos por mais algumas semanas aquela gestação, afinal havia apenas 36 semanas que eu estava grávida.
A decisão: eu deveria retornar para casa, permanecer em repouso absoluto e tentar prolongar ao máximo aquele processo de parto que se iniciara.
Contrariando, no entanto, as orientações médicas, continuei passeando por todo o dia, sentada no carro, na companhia de dois primos que moravam em Santos e estavam em casa em função do Chá da Bianca.
Ao final do dia, por volta de dez horas da noite, enquanto os primos eram levados à rodoviária, eu, em casa, sozinha, percebi que aquela dorzinha que me acompanhou o dia inteiro havia se tornado mais compassada.
Notei que algo diferente havia acontecido, e, ao conseguir contato telefônico com minha médica, que estava na estrada, a caminho de São Paulo, retornando de uma viagem ao interior, soube que aquilo que havia acontecido era conhecido como a saída do “tampão”. Em outras palavras eu deveria me dirigir imediatamente ao hospital, e a médica se encontraria comigo lá em seguida.
Fiquei bem assustada!
Ao chegar ao hospital, por volta de onze da noite, novo exame e o diagnóstico da auxiliar de enfermagem havia ganho um elemento novo: “franco”. Eu agora estava em “franco” trabalho de parto!
Não havia outra possibilidade, senão a de trazer a Bianca ao mundo, naquela mesma noite.
Fiquei apreensiva… O que aconteceria nas próximas horas, minutos?
Fui levada de cadeira de rodas para uma sala e iniciaram-se os preparativos…
Em seguida fui levada ao centro cirúrgico, onde parte da equipe da minha médica, Dra. Zenaide Sueli Alves, me aguardava.
Não demorou muito até que a própria médica chegasse. Após um exame rápido disse que a evolução estava perfeita, e que, pela dilatação constatada, em poucos minutos eu poderia ter um lindo parto natural.
Tive medo. Nunca gostei de sentir dor, embora a dor que eu sentisse naquele momento fosse leve e gostosa…
Disse a ela que não queria parto natural. Queria mesmo a cesárea, conforme havíamos planejado desde o início.
O anestesista, então, passou a me explicar o que aconteceria nos próximos minutos… Mais uma vez tive medo. A agulha era imensa e seria introduzida na base da minha coluna vertebral.
Nunca tive medo de injeção, mas daquele tamanho e naquele lugar!!!
Houve uma pequena complicação na hora da aplicação e eu fiquei apavorada.
A complicação foi rapidamente contornada, e em poucos minutos eu já não sentia minhas pernas, meu abdômen, meu peito.
A equipe passou a se preparar e eu, acordada, não parava de fazer perguntas. Curiosa, como sempre, queria saber tudo o que estava acontecendo. Não queria perder um procedimento sequer.
Minha médica, então pediu para aplicarem morfina em minha veia, para induzir-me ao sono.
Fui ficando sonolenta, com os sentidos bem afetados, mas resisti bravamente até o momento mais esperado da noite, exatamente quando o relógio marcava 00h57…
Minha filha, minha primeira filha, naquele momento, minha única filha. Pesando apenas dois quilos e novecentos e vinte gramas, medindo tão somente quarenta e seis centímetros.
Lá estava ela, respirando, nos braços da médica. Linda!
A médica a trouxe para perto de mim. Colocou-a em meu peito. Não pude abraçá-la, pois meus braços estavam presos por causa da medicação em minha veia.
Não sabia o que fazer! Não sabia como agir…
Lá estava eu diante do maior acontecimento da vida de uma mulher… Eu era mãe! E mãe da criatura mais meiga, delicada, sensível, tranqüila e doce que jamais existiu.
Bianca, minha filha, eu quero que você saiba que você mudou a minha vida. Eu nunca mais fui a mesma depois de sua chegada.
Com você aprendi muita coisa, e continuo aprendendo até hoje.
Você sempre foi a filha que toda mãe sonha, e continua sendo até hoje.
Desejo que você realize cada um dos seus sonhos, e que você seja muito, mas muito feliz.
Nunca se esqueça de que o amor que eu sinto por você é incondicional, e que, não importam as circunstâncias, ou quanto tempo passe, eu sempre te amarei, e sempre estarei pronta para acolher você em minha vida.
Eu te amo demais…
Um beijo especial e único de sua Mãe.
Em Campos do Jordão, 04 de Novembro de 2008.